
Inventário das estações
Autores: Iio SOGI , Yamazaki SÔKAN , Arakida MORITAKE , Kano SANBOKU , Matsunaga TEITOKU , Ishida MITOKU , Nonoguchi RYÛHO , Yasuhara TEISHITSU , Matsue SHIGEYORI , SÔIN , Ihara SAIKAKU , ANÔNIMO , Matsuo BASHÔ , Den SUTEJO , Mukai KYORAI , Naito JÔSÔ , Kitamura KIGIN , Hattori RANSETSU , Takarai KIKAKU , Kawai SORA , Hirose IZEN , Hojo DANSUI , Ichû OKANISHI , Nozawa BONCHÔ , Morikawa KYOROKU , Konishi RAIZAN , Yamaguchi SODO , Yamamoto KAKEI , Kawai CHIGETSU , Tachibana HOKUSHI , Ikenishi GONSUI , Hanabusa ITCHO , Shiba SONOME , Ikutama KIMPÛ , Hattori TOHÔ , Kagami SHIKÔ , Sugiyama SAMPU , Imbe ROTSÛ , Uejima ONITSURA , Ochi ETSUJIN , Shida YABA , GENSHÔ , Mugaibô ENSETSU , Ogawa HARITSU , Tachiba FUKAKU , SHÔFU-NI , Matsuki TANTAN , Shirai CHOSUI , Fukuda CHIYO-NI
Tradução: Roberto Schmitt-Prym
Editora: Porto Alegre: Bestiário
Data de Lançamento: 2025
Nº de Páginas: 112
Língua do Original: japonês
Literatura do Original: japonesa
Período Literário: Vários
Paratexto: organização e anotações poéticas: Marli Silveira
Obs sobre a Obra: o haicai, como é conhecido hoje, tem suas raízes no Japão medieval, surgindo a partir de uma prática poética coletiva chamada renga — sequências colaborativas de estrofes alternadas. No século XV, por volta de 1450, emergiu uma forma mais leve e humorística dessa tradição, chamada “haikai no renga” ou simplesmente haikai, que explorava temas do cotidiano, cenas populares e um humor muitas vezes irreverente, rompendo com a rigidez aristocrática da poesia clássica (waka). Nesse período (até 1600, período de Formação), o haikai ainda fazia parte do renga, especialmente no formato de hokku — a estrofe de abertura. Os hokku começaram a ganhar autonomia, destacando-se por sua capacidade de, em três versos (5-7-5 sílabas), capturar a essência de uma cena, de uma estação ou de um momento efêmero. Nomes como Yamazaki Sôkan (1465–1553) foram fundamentais nesse desenvolvimento. Seus poemas misturavam humor, sátira social e cenas triviais, afastando-se do tom elevado da corte. No século XVII (período de Consolidação), o haikai atingiu seu auge artístico com Matsuo Bashô (1644–1694), que levou essa prática a uma profundidade filosófica e estética inédita. Bashô refinou o haikai, conferindo-lhe um espírito de contemplação, simplicidade e integração com a natureza, baseado nos conceitos estéticos do wabi-sabi (beleza da imperfeição, da simplicidade e da transitoriedade). Bashô transformou o hokku em uma forma capaz de captar tanto o sublime quanto o ordinário, registrando instantes poéticos por meio de um repertório reduzido de palavras, mas sem implicar, a concisão, o empobrecimento da reflexão e da profundidade inscrita na métrica do haikai. É dessa linhagem que nasce, posteriormente, o haiku moderno, já desvinculado do renga. O livro Inventário das estações, a partir dessa breve apresentação, repercute a tradução de haicais de 50 poetas japoneses, do primeiro período (1500 a 1750), e de anotações poéticas suscitadas pela leitura dos mesmos. As anotações não são interpretações ou comentários dos haicais, mas o resultado de um encontro entre verves poéticas que explicitam um vagar criativo embriagado do vigor originário que nos mantêm na clareira do ser. (Fonte: site da editora Bestiário).
Edição: Não Bilíngue
Categoria: Antologia